REFER apoia Cosmic Underground
Nos dias 3 e 4 de novembro Portugal acolhe o projeto Cosmic Underground na Estação de Santa Apolónia, onde serão apresentadas oito instalações artísticas em vagões ferroviários. Em duas noites exclusivas, o público é convidado a percorrer uma sucessão de quadros teatrais. O espetáculo é gratuito, podendo os interessados reservar, previamente, o bilhete/convite para uma das três sessões diárias, que decorrerão entre as 20:00 e as 24:00 horas, no site www.cosmicunderground.eu ou, no próprio dia, na Estação de Santa Apolónia. Participam neste evento inédito cerca de trinta artistas oriundos da Estónia, Letónia, Polónia e Portugal, numa iniciativa desenvolvida em parceria com a REFER. O Cosmic Underground é um projeto artístico europeu que consiste numa viagem de comboio que pretende ligar, simbolicamente, as Capitais Europeias da Cultura – Tallinn (2011) e Guimarães (2012) – cidades que representam duas regiões extremas e periféricas da Europa. O comboio de arte, que partiu de Tallinn, na Estónia, no passado dia 20 de setembro, atravessou várias cidades e aldeias na Letónia e Polónia. Agora em Portugal, prevê extensões do projeto nas Caldas da Rainha, a 7 de novembro, e em Guimarães, a 11 de novembro. Esta iniciativa pretende contribuir decisivamente para uma futura rede europeia de circulação artística, cultural e intelectual, baseada na monumental infraestrutura que é o caminho-de-ferro. Espetáculos 3 e 4 de novembro
Lisboa | Estação de Santa Apolónia | Linha 1
20:00 21:30 23:00
Entrada gratuita | máximo de pessoas por grupo: 100 O Projeto Organizado pela Fundação Platon (Polónia), em parceria com Valgus Festival (Estónia), Make Art (Letónia) e Museu Bernardo (Portugal), esta performance artística é desenvolvida em tamanho e tempo real, sendo cada vagão temático inspirado num livro ou conto do escritor polaco Stanislaw Lem, figura chave da literatura europeia. Cosmic Underground nasce do desejo de uma comunidade de artistas emergentes, periférica face aos grandes centros europeus e num ponto crucial da sua afirmação profissional, realizar algo de verdadeiro e profundo, com sentido para além da lógica da carreira ou do reconhecimento. O projeto é movido por uma contagiante curiosidade acerca do outro, interdependente do desejo de cada participante testar os seus limites. Destaques | instalações artísticas Algumas das instalações, críticas na sua leitura da Europa contemporânea, trazem a Portugal realidades distantes, senão desconhecidas. Eva Tallo & Elo Liiv (Estónia) O espectador de Train Beat torna-se testemunha de monumentais cânticos coletivos que, em dada(s) altura(s) da história da Estónia, tiveram um papel crucial na mudança de regime político. Raoul Kurvitz (Estónia) A instalação Maelstrom consiste num labirinto de 5 000 garrafas cheias de água de diferentes rios, lagos e charcos de vários pontos da Estónia. Uma estrutura translúcida, frágil e hipnótica. Uma experiência interior do espírito perturbado da Europa. Stefan Kornacki (Polónia) Performer e escultor, Kornacki traz a Lisboa algumas das garrafais letras de um velho logotipo da era comunista. Retiradas do contexto original – UNIWERSAM, uma cadeia de ‘lojas do povo' – as letras I____WAR suscitam uma desconfortável ideia. Quão perto estamos de voltar a experimentar a guerra? Elina Cerpa em colaboração com Nayi Sinan and Alexander Hopster A escuridão pode iluminar-nos. Nesta peça desconcertante, somos atirados para uma sinfonia de respirações, inspirada pela fusão de rituais Sufi e paganismo letão. O espetáculo Os atores-cientistas deste comboio de experimentos artísticos convocam o público para o início da visita. De ‘laboratório' em ‘laboratório', tomamos conhecimento da existência de um Instituto secreto que investiga o Mundo… composto por um número incalculável de cientistas, trabalhando em vários níveis de secretismo… no Cosmic Underground temos acesso apenas a um dos níveis. É uma rara oportunidade em que o Instituto 61 do professor Huntergol desvenda a sua atividade, de uma escala impossível de imaginar… É altura de nos deixarmos hipnotizar pelo hip-hop tecnotrónico dos SOFA. De nos deixarmos enlevar pelo poder solitário da voz na canção de Mariusz Lubomski. De nos rendermos à absoluta franqueza da voz de Justyna, a solo ao piano, tocando a imagem. De deixarmos de respirar enquanto partilhamos com Elina Cerpa a dor da deportação, mas também de juntarmos a nossa voz no beat ferroviário de Eva Tallo & Elo Liiv. Nesta performance artística de grande escala, os atores-investigadores habitam as instalações desenvolvidas por artistas plásticos, escultores, designers, arquitetos, músicos, escritores, jornalistas e investigadores académicos. O corpo que se move é o de uma estranha troupe de concidadãos europeus, que dá corpo a uma história que tira partido de uma gigantesca infraestrutura técnica, de riqueza histórica incalculável: a linha férrea. Chegando a Lisboa, o projeto mostra, enquanto espetáculo de arte, que a Europa é uma identidade – compósita, complexa, contraditória, mas rica e surpreendente. A direção do projeto, bem como a coordenação do script, a direção do espetáculo e o conceito são de Jan Swierkowski da Platon Foundation. A programação de artes visuais, literatura, bem como a dimensão teórica, coube a Mário Caeiro. 2 de novembro de 2012